Mundo
Guerra no Médio Oriente
Nobel da Paz nos 80 anos de Hiroshima. Narges Mohammadi apela à desescalada militar
A vencedora do Prémio Nobel da Paz Narges Mohammadi lamentou esta quarta-feira que a "tentação" dos países de se dotarem de armas nucleares seja cada vez maior, no dia em que se assinalam os 80 anos do lançamento da primeira bomba atómica da História sobre Hiroshima, que matou 140 mil pessoas.
"Num mundo em que governos autoritários procuram dotar-se de armas nucleares para garantir a sua sobrevivência, em que as invasões de um país por outro se tornam comuns e em que instituições internacionais como as Nações Unidas perdem progressivamente a sua influência, a tentação dos países de se dotarem de armas nucleares torna-se cada vez mais forte", lamentou Narges Mohammadi.
Numa declaração feita por videoconferência a partir do Irão, durante um evento organizado pelo Comité Nobel da Paz em Oslo, na Noruega, Narges Mohammadi lamentou a corrida ao armamento nuclear no Médio Oriente, ao mesmo tempo que cem países reunidos em Hiroshima, no Japão, faziam um minuto de silêncio na hora exata que a bomba atómica foi lançada.
"Alguns consideram que o nível de conflito e tensão aumentou tanto
que talvez já seja tarde demais para impedir uma corrida ao
armamento nuclear no Médio Oriente", observou Mohammadi. "Mas para resolver verdadeiramente esta crise, é necessário um
consenso mundial e uma vontade coletiva de atacar as raízes destas
tensões e trabalhar para a sua redução", acrescentou.
We called up Narges Mohammadi, #NobelPeacePrize 2023, live at the #NobelPeaceConference: A Message to Humanity🕊️#WomanLifeFreedom #ZanZendegiAzadi@nargesfnd pic.twitter.com/cMHjRCx9gv
— Nobel Peace Center (@NobelPeaceOslo) August 6, 2025
Nobel da Paz condena propaganda sobre programa nuclear
A ativista, premiada em 2023 pela "sua luta contra a opressão das mulheres no Irão e pela promoção dos Direitos Humanos e da liberdade para todos", lamentou ainda que o programa nuclear iraniano não tenha melhorado as condições da vida da população do seu país. "O povo iraniano grita dentro do país e, em resposta ao
slogan do governo que diz "A energia é um direito dos muçulmanos",
responde: "Pão, água, eletricidade, trabalho, educação, liberdade, paz,
vida, dignidade humana são direitos dos muçulmanos", declarou.
"Hoje enfrentamos graves faltas de eletricidade e água em todo o
país. Regiões inteiras ficam paralisadas durante horas, ou mesmo dias,
sem eletricidade nem água", explicou Mohammadi no seu discuro. "E, entretanto, o regime detém 400 quilos de urânio enriquecido a 60%, que agora se sente obrigado a esconder", condenou.
Narges Mohammadi esteve a cumprir pena de prisão na cadeia de Evin, em Teerão, desde novembro de 2021, após ter sido condenada pelo seu compromisso contra a pena de morte e o uso obrigatório do véu das mulheres.
Mohammadi encontra-se em liberdade provisória desde dezembro por motivos médicos, vindo a ser desde então alvo de ameaças para a silenciar, segundo o Comité Nobel.
c/agências